quinta-feira, 21 de junho de 2012

O osso é mesmo uma estrutura rígida e estática?


Acredito que para a maioria dos leitores a resposta para a pergunta-título deste post sairia, quase instintivamente, através de um sonoro SIIIIIIM!

O fato é que, quando pensamos na estrutura óssea, imaginamos imediatamente um fêmur (o osso da coxa) na mão de Fred Flintstone, servindo de utensílio doméstico. Imaginam-se também aqueles esqueletos, muitas vezes articulados por um fio de nylon e alguns eixos metálicos, que se encontram nas salas de Ciências nas escolas ou servem de decoração para a festa de halloween.

No entanto, o que NÃO nos vem à cabeça, de imediato, é o fato de que o osso faz parte do organismo de alguns seres vivos. E se isto vem, a ideia para por aí. Até porque o osso não pode ser visto em um ser vivo enquanto este estiver vivo, salvo em situações especiais. E como diz o ditado: “O que não é visto, não é lembrado”.

Ironias à parte, é importante entender que esta estrutura, aparentemente simplista, traz consigo nobres características que pouco de nós conhecemos. Para começar, ser a condição sine qua non para um animal ser vertebrado já deveria daro ao osso o status que ele merece. Mas ele vai muito além, apresenta propriedades e funções importantes, tanto quando isolado como  em conjunto.

Constitui o esqueleto; protege órgãos vitais; está presente na formação das células sanguíneas; sustenta o corpo e ajuda na sua conformação; essencial na realização dos movimentos; e ainda é fonte/reserva de cálcio e fósforo para o organismo. Legal demais, não é? O mais incrível é mergulhar um pouco mais nesta estrutura e conhecer sua formação. Que perfeição da natureza!!

Um osso é comporto de 25 – 30% de água; 60 – 70% de mineral (cálcio e fósforo, principalmente); e proteína (colágeno). O componente mineral de um osso resiste à compressão enquanto a parte proteica resiste à tensão. Esta composição confere ao osso a capacidade de suportar tensões seis vezes maiores que aquelas as quais está sujeito em atividades quotidianas; assim como a forma tubular básica do osso longo oferece grande resistência ao esforço e à tensão.

Sinto alguns paradigmas pessoais fraturando-se neste momento. Será que os ossos são mesmo tão rígidos e estáticos quanto parecem?

O tecido ósseo, como tecido que é, é composto de células. E digo mais: é composto por três tipos de células (chique hein?). São os osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos.

Os osteoblastos são células responsáveis pela produção, pelo crescimento e a renovação dos ossos (osteogênese); os osteócitos são as células ósseas maduras; os osteoclastos são células que realizam a reabsorção e a remoção óssea.

Eita que já se percebe um “pequeno furdunço” no interior do osso! Abramos nossas mentes e aprendamos: o osso tem uma capacidade incrível de reagir aos vários estímulos (crescimento, necessidade de cálcio e à degradação, esta ultima ocorrendo devido ao trauma mecânico, ao envelhecimento, às alterações hormonais, etc). Por este motivo, é constante a renovação celular durante toda a vida. A este processo de renovação dá-se o nome de remodelamento ósseo.

Outra atividade importante que deve ser frisada é a que define a Lei de Wolff: A resposta, através do remodelamento ósseo, ao stress físico ou à ausência dele, havendo depósito de osso nas regiões sujeitas a maior stress e reabsorção onde este ocorre menos.

E mais uma vez convoco-vos à reflexão: Os ossos são rígidos e estáticos?

Rígidos sim, mas nem tanto. Estáticos? Não, não! Há um carnaval microscópico acontecendo no seu interior.

Um comentário:

  1. Muito legal a sua forma de abordagem do tema, esta de parabéns professora.

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